40 anos depois: missa relembra visita do Papa
Quem esteve na Praça do Papa em 1º de julho de 1980 jamais se esquecerá. Das 9h30min até perto do meio-dia, cerca de 1 milhão de pessoas se aglomeraram dali até a Praça da Bandeira para acompanhar a missa conduzida pelo Papa João Paulo II, que visitava BH. “Estava um sol claro sem nuvens que permitia uma vista belíssima. Quando a viu, ele disse ‘vocês, jovens, são o belo horizonte da Igreja’. Isso marca a gente, fico orgulhoso de ver uma autoridade como o Papa valorizar BH e o seu aspecto geográfico”, recorda Monsenhor Éder Amantéa, que tinha seis anos de ordenação na época.
Atualmente pároco emérito da Paróquia Coração Eucarístico, onde está há 47 anos, Monsenhor Éder participou da organização da missa: “Houve uma dificuldade na montagem do altar, a prefeitura queria de um jeito e nós de outro, mas tudo foi superado em razão do grande entusiasmo com a visita do pontífice. Cuidamos dos horários e de itens que foram utilizados na celebração, além das músicas”. Uma delas foi A Barca, canção eslava que o Papa conhecia e ficou alegre ao se identificar com a melodia. “Fizemos as coisas com o maior esmero possível, as alfaias foram bordadas em linho com o brasão dele”.
Monsenhor Éder ficou relativamente perto do Papa durante a missa. “Ele passou bem perto de nós ao subir a rampa para o altar. Não havia construções no entorno da praça, só poucas casas e o antigo Instituto Hilton Rocha. Víamos apenas as cabeças da multidão, nada do chão”.
Foram vários os momentos marcantes: “Quando o Papa deu início à missa, cumprimentando os presentes, as pessoas começaram a gritar Rei! Rei! Rei! O Papa é nosso Rei!. Ele compreendia um pouco de português, mas não entendia o que falavam. Perguntou a Dom Serafim, que explicou que se tratava de uma saudação a um jogador de futebol. Foi o único momento em que todos participaram efetivamente, pois muitos não escutaram a missa em razão da distância”.
Durante a celebração, o Papa disse que “só o amor constrói, só o amor aproxima, só o amor faz a união dos homens na sua diversidade”. “É uma frase muito importante nos dias atuais. As autoridades políticas deveriam se pautar pelo amor ao povo e fazer o bem para o povo, mas há muito interesse pessoal. Amor é comunidade. Se você ama sozinho, não é amor, é egoísmo. O Papa tem a missão de evangelizar com coisas concretas”.
Monsenhor Éder relata várias pessoas chorando durante a missa, “inclusive eu (risos). A gente se sente muito motivado e envolvido. Ao final da missa, observei pessoas simples caminhando alegres por terem visto o Papa, algo que nunca imaginaram. Muita gente que estava esfriada na fé retomou o caminho, as pessoas vibram quando outras estão vibrando, a emoção fala mais alto”.
E o Papa realmente nunca esqueceu BH: “Em 1995, acompanhei Dom Serafim numa visita ao Papa. Participamos de uma audiência na biblioteca particular dele, que me saudou com um ‘belo horizonte’, conversou comigo em português, abençoou minha família e deu um tercinho para minha mãe. Tenho a satisfação de ter beijado a mão de um Santo!”.
Em 23 de outubro, o Oratório São João Paulo II vai organizar uma missa às 10h. Depois, a imagem de João Paulo II será levada à Praça do Papa, onde haverá uma benção e um pequeno altar para oração dos visitantes. Informações, ligue na secretaria da Igreja São João Evangelista (3221-5756).