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A importância do diário na evolução pessoal

Registrar os fatos do dia e seus sentimentos em relação a eles. Essa é uma definição básica do ato de escrever um diário, mas a ferramenta é muito mais poderosa. Para a psicóloga Maria Cristina Resende, as pessoas têm muita dificuldade de se expressar nas redes sociais, por exemplo, porque não desenvolveram a escrita, o registro dos sentimentos: “A educação moderna está deixando crianças e adolescentes superprotegidos, sem nenhum tipo de limite nem conhecimento para verbalizar o que sentem. A maioria está despreparada para os desafios da vida, e o diário pode contribuir para resolver esse problema”.

A psicóloga defende que escrever diariamente aguça a curiosidade da criança, pois ela revê e reflete sobre suas atitudes e sentimentos nas situações mais importantes. “Por volta dos oito anos já se pode ter um diário, pois a criança passa a ter mais autoconhecimento e consciência do que faz, sua visão das coisas se torna mais ampla. Reler o que está escrito ajuda a perceber um novo ângulo nas situações”.

Maria Cristina também sugere que adolescentes e adultos tenham um diário: “Na adolescência você transita entre os universos infantil e adulto. É um mundo novo, cheio de desafios e sentimentos contraditórios, e a escrita pode ajudar a enxergar as coisas com mais clareza. O adulto é a mesma coisa, mas em outra proporção: há momentos de conflito e perda, nos quais o papel pode ser um bom companheiro, te ouvindo sem questionar nem julgar”.

Benefícios do diário

Ela acrescenta que o diário afeta o subconsciente das pessoas e há psiquiatras e psicólogos que receitam a seus pacientes escrever um diário, inclusive em tratamentos mentais. O que a pessoa precisa atentar é que o diário não substitui a terapia, apesar de ser terapêutico: “Se você verbaliza seus sentimentos, mas os mantém só ali, não há evolução pessoal. Isso só é alcançado com o olhar de um psicólogo, que vai te guiar pelos seus sentimentos. É recomendável levar o diário às sessões de terapia, inclusive”.

Para quem deseja começar a escrever um diário, Maria Cristina dá algumas dicas: “Em termos de conteúdo não há diferença em usar caneta e papel ou o computador, mas escrever desenvolve a inteligência e exercita os dois lados do cérebro”. A psicóloga explica que, no começo, pode haver dificuldade de sintetizar as emoções em palavras. “Apenas com o tempo e o hábito de escrever é que você vai aprendendo a acessar seus verdadeiros sentimentos e transmiti-los para o texto. Não há regras, quanto mais livre você escrever, melhor”.

A profissional avisa que não é necessário escrever muito todos os dias, às vezes uma frase já ajuda. “Não existe um período do dia certo para anotar no diário. As pessoas que se lembram dos sonhos e refletem sobre os fatos à noite podem fazê-lo logo que acordam. Outras já funcionam mais socialmente e precisam conviver com outras pessoas para elaborar o que estão sentindo”.

Outra opção é fazer desenhos ou músicas: “São até melhores do que a escrita, pois a arte desperta muito mais a emoção do que a palavra. Há pessoas que têm dificuldade de traduzir em palavras o que estão sentindo, outras são mais práticas e racionais e se sentem melhor escrevendo”, avalia Maria Cristina.

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