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Por que a Igreja Luterana foi erguida na Serra

O trabalho social da Igreja Luterana não se resume ao Centro de Integração Martinho (CIM). Mas por que os luteranos resolveram erguer o templo justamente na Serra?

A relação da Igreja Luterana com Belo Horizonte começou em 1932: “Desde o início, o objetivo era construir um espaço que fosse escola bilíngue de alemão e português durante a semana, para educar os filhos dos membros da igreja, e templo aos domingos”, explica o pastor Nilton Giese.

A Igreja Luterana fez a primeira tentativa de erguer o templo em 1939. Porém, um terreno que ficava na Rua Lavras, na Savassi, teve de ser vendido por falta de recursos: “Isso ocorreu para que se terminasse a construção da escola na Rua dos Tupis, no Centro, pois não havia dinheiro para levantar ambos. Como as obras da escola já haviam começado, decidiu-se por terminá-las. Foi o primeiro local utilizado pela Igreja Luterana em Belo Horizonte – o prédio ainda existe”.

Pouco depois, os eventos da Segunda Guerra Mundial atrapalharam os luteranos: “Em 1942, o Brasil entrou na guerra contra a Alemanha, que havia afundado dois barcos dos Estados Unidos no Mar Mediterrâneo. Todos os países que apoiavam os aliados contra a Alemanha confiscaram bens dos alemães nessas nações a fim de indenizar os EUA pelos barcos afundados”, conta.

De acordo com ele, a propriedade da Igreja Luterana acabou sendo confiscada pelo governo brasileiro, com o pastor da comunidade chegando a ser preso por dois anos. “Com o fim do conflito, em 1945, supunha-se que o governo iria devolver a propriedade, o que não aconteceu até hoje”, lamenta o pastor Nilton Giese. 

A Igreja Luterana ficou sem um local próprio durante 16 anos, tendo o apoio da Igreja Presbiteriana para a realização das celebrações. Enquanto isso, a Serra já contava com alemães e austríacos, que compraram terrenos para morar. Em razão disso, a Igreja Luterana comprou o terreno da Rua Dona Salvadora em 1960, inaugurando o templo dois anos depois, em 26 de setembro de 1962.

Segundo o pastor, o dinheiro para a aquisição do terreno veio de doações dos próprios membros; campanhas internas; recursos enviados por comunidades na Alemanha e repasses de funcionários da Mannesmann, uma das empresas alemãs que se estabeleceram em BH, principalmente por causa da mineração: “Como era uma grande empresa, ela trouxe muitos funcionários da Europa para cá, então o pastor era professor de português desses funcionários e seus filhos. Como não havia comunidade católica alemã à época por aqui, todos vinham para a Igreja Luterana, e a comunidade foi crescendo”, contextualiza o pastor.

No princípio e até há pouco tempo, a Igreja Luterana era uma comunidade étnica, com um culto por mês sendo realizado em alemão até 2015. Hoje, todos são em português. “Com o tempo, a Igreja Luterana passou a ser mais brasileira, com mais diversidade”, avalia. Hoje, a igreja abrange 650 m²: “A casa pastoral foi erguida nos fundos do terreno, onde moraram o pastor e sua família por uns 20 anos – hoje funcionam salas de reunião e cozinha da comunidade, não é mais casa pastoral. A atual fica num apartamento na Rua Palmira”.

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