Doar órgãos e tecidos pode salvar até 14 vidas
Em Minas Gerais já foram feitos pouco mais de 37.500 transplantes entre 1992 e 2017, sendo que, de dez anos para cá, a doação de órgãos teve aumento considerável. Apesar disso, 3.213 pessoas ainda aguardam na fila por um transplante de órgão ou tecido (junho/2018). E, de acordo com o MG Transplantes, algumas famílias optam por negar a doação dos órgãos e tecidos do ente querido.
Até março de 2018, o MG Transplantes recebeu 548 notificações de morte encefálica, sendo que 239 pacientes podiam doar. Entretanto, 111 famílias (46,4%) não autorizaram a doação. São vários os motivos elencados pelo diretor do MG Transplantes Omar Lopes Cançado Júnior: “A família teme que o corpo do doador seja mutilado com a retirada dos órgãos e que isso atrapalhe o velório. Mas o corpo é completamente reconstituído, não fica nenhuma marca visível”, explica.
Outra razão é o desconhecimento da população, que não entende o que é morte encefálica: “Às vezes, quando vamos avaliar o paciente, ele está respirando, mas apenas por causa dos aparelhos. As pessoas acham que o paciente está vivo, mas ele é clinicamente morto. Elas precisam acreditar no diagnóstico de morte encefálica”. Além disso, a família não tem de pagar absolutamente nada pela retirada dos órgãos e tecidos, o SUS banca todo o processo.
Por esta razão, Omar Lopes defende que as pessoas conversem sobre doação de órgãos: “Essa é única forma de você manifestar a familiares e amigos o desejo de ser doador. Não existe nenhum documento que possa ser deixado e tenha validade”, justifica. De acordo com ele, a legislação brasileira versa que a família é a única responsável por aquele corpo: “Se você for a favor da doação, mas na hora da morte os familiares se posicionarem contra, o que vale é a vontade da família. Por isso é muito importante conversar sobre a doação de órgãos”.
O processo até a doação
De acordo com o MG Transplantes, um único doador pode salvar a vida de até 14 pessoas, já que podem ser doados dois rins, duas córneas, dois pulmões, fígado, pâncreas, coração, intestino, tendões, ossos etc. Porém, o caminho até o transplante tem várias etapas e precisa ser feito rapidamente: “Cada órgão tem um tempo em que pode ficar fora do corpo, como coração (4h a 6h), fígado (em torno de 12h) e rins (24h até 36h). O quanto antes melhor para o funcionamento do órgão no receptor”, informa.
Segundo o diretor do MG Transplantes, a equipe da entidade (enfermeiros, psicólogos e médicos) só conversa com a família do potencial doador após a conclusão do diagnóstico de morte encefálica: “Com a autorização familiar, colhemos o sangue do doador para fazer exames a fim de saber se ele tem alguma doença infecciosa que possa ser transmitida ao receptor”. Estando tudo certo, o próximo passo é compilar as informações no Sistema Nacional de Transplantes. Depois da retirada dos órgãos e tecidos do doador, começa a logística para o transporte, com ajuda de várias corporações: Gabinete Civil, polícias Militar e Civil, Bombeiros, Governo de Minas e até a Força Aérea Brasileira. 24h por dia, sete dias por semana.
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