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57 anos de mudanças profundas no bairro

Se a Barbearia do Samuel não mudou tanto assim desde 1961, nosso bairro tomou o rumo oposto: “Quando eu cheguei aqui, a Serra era um tipo de família, você conhecia todo mundo e tinha muito menos gente”. Samuca explica que na Rua do Ouro havia lotes desocupados e pouquíssimos prédios. “As chácaras ainda existiam, mas eram poucas”.

De acordo com ele, a vizinhança da barbearia era mais de residências, mas também ficavam dois comércios: “De um lado era uma oficina que consertava rádios, do outro havia um sapateiro. Um pouco abaixo tinha o Bar do Pimenta”. Samuel se recorda que a Mello Mercearia ficava quase na esquina de Rua do Ouro com Rua Monte Alegre, “depois mudou para frente do antigo posto de gasolina [hoje um estacionamento]”. Ele ainda se lembra de uma loja, onde hoje é a Drogaria Araújo, e da Padaria Etna, atualmente Santíssimo Pão: “Com o surgimento desta, uma farmácia foi erguida ao lado. Hoje está um açougue”.

A locomoção das pessoas também era totalmente diferente: “A Rua do Ouro era mão dupla, algo que só terminou em 1973”. Samuel vinha trabalhar de trólebus, os famosos ônibus elétricos sobre rodas que tinham cabos unindo-os a postes de energia: “Um vinha da Rua dos Aimorés e subia a Rua do Ouro, o outro da Cláudio Manoel, subindo a Professor Estevão Pinto”.

Atualmente, Samuel utiliza condução própria para ir trabalhar: “Moro na região da Pampulha, mas quando pagava aluguel ficava perto da barbearia”. Por isso, ele acorda mais ou menos às 6h todos os dias para chegar ao serviço às 8h, encerrando os trabalhos por volta de 19h, nos dias de semana, e 18h aos sábados, horários que não são rigorosos. “Uma coisa engraçada é que quando eu morava mais longe e vinha de ônibus chegava mais cedo (risos)! Já fiquei trabalhando até umas 22h, 23h quando estava sozinho na barbearia”.

E dessa rotina Samuca não quer se desfazer tão cedo: “Pretendo tocar a barbearia até quando aceitarem meu serviço, não tenho aposentadoria planejada”. Por enquanto, porém, parece difícil fazer da filha Janaína herdeira da barbearia: “Ela cresceu frequentando aqui, mas depois fez faculdade de direito e hoje é advogada”.

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