As mulheres na luta contra a codependência
Seres humanos constroem relacionamentos, pois eles são essenciais para vivermos em sociedade, embora nem sempre sejam de qualidade. Dalveneide Santos sabe como as relações da vida podem ser prejudiciais: “Sou uma codependente em tratamento”, ou seja, ela tem vínculo afetivo/emocional, no seu caso com dependentes de drogas e/ou álcool. “Eu vivi a codependência na pele e só aprendi a lidar com a situação depois que comecei a participar de um grupo de apoio”.
A primeira experiência de Dalveneide em algo do tipo foi em 2005, quando ficou só ouvindo os relatos. “Pensei que precisava estar à frente para ajudar essas pessoas”. Então, ela fundou o Ateliê Missão em Arte contra as Drogas em 2011 com outras duas mães: “Fomos crescendo e estamos atualmente na Cidade Refúgio, um projeto no bairro Concórdia, em BH”. Convidada por Jânio Miranda, presidente da Abraço, ela vai inaugurar em 11 de maio, às 13h, um grupo de apoio para mulheres em situação de codependência em relação a dependentes químicos e de álcool: “Vamos fazer as reuniões no auditório da instituição, que fica na Av. do Contorno, 4.777, todas as terças, das 14h às 16h”.
A dinâmica do grupo é simples: cada novo membro se apresenta e, se quiser, conta a sua história ou apenas ouve os relatos. “Se você tem vergonha, pode falar individualmente com a psicóloga ou assistente social no mesmo horário das dinâmicas. O que é falado no grupo fica lá”. Os interessados em participar do grupo de apoio podem se inscrever com a Dalveneide (99385-1834) ou na própria Abraço (3225-2700 ou 99810-0587 – WhatsApp) de segunda a sexta, das 8h às 17h.
Segundo Dalveneide, o primeiro sinal de que a mulher precisa de ajuda para enfrentar a situação é quando ela para de se cuidar, pois só está pensando no dependente químico ou de álcool: “Você quer mudá-lo, mas não procura saber o que está acontecendo com você. A codependência é uma doença, pois você não usa o álcool ou as drogas, mas vive em função daquele filho, esposo, namorado que é usuário, sofre as consequências do vício. Aí vêm depressão, medicamentos controlados, insônia…”
Dalveneide argumenta que a regra para sair da situação é “dizer NÃO, mas muitas mulheres não estão preparadas para isso. São elas que sofrem mais, que choram pelos cantos, procuram internar o dependente, guardam comida para ele. Seja mãe, avó, irmã, esposa ou namorada. Elas querem falar e ouvir”.
O diálogo é essencial, mas o grupo de apoio não se resume a isso. Às quartas-feiras, as mulheres terão, das 9h às 16h, terapia ocupacional e diversas atividades artesanais como corte e costura, bordado, crochê, tricô, pintura em tecidos etc. As peças ficarão à venda no bazar da Abraço, numa lojinha bem ao lado, na Rua Estevão Pinto, e a renda vai refinanciar as atividades. “As mulheres aprenderão a produzir as próprias peças e, no futuro, queremos que elas tirem seu sustento daí”.
E você pode ajudar a Abraço: “Precisamos de alimentos não perecíveis para montar as cestas básicas, mas também de tecidos, linha e outros materiais de costura. Também gostaríamos de voluntários de odontologia, psicologia, psiquiatria, fisioterapia, clínica geral etc.”. Participe do grupo de apoio e/ou contribua com a Abraço!