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Vamos conversar sobre o cigarro eletrônico?

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A indústria dos dispositivos eletrônicos para fumar nega o interesse em atrair o público jovem, mas tem apresentado produtos cada vez mais atrativos. Na versão tecnológica, alguns modelos têm uma luz de LED para simular a brasa emitida durante a tragada. Já outras versões em nada se assemelham ao cigarro tradicional. O modelo em formato de pen drive tem inclusive entrada USB para ser carregado. O dispositivo funciona como vaporizador e é possível customizar a experiência, como codificar a miliamperagem e a voltagem do dispositivo para produzir menos ou mais fumaça. Novidades que instigam a geração nascida no ambiente digital e despertam a curiosidade inclusive de quem nunca fumou.

Estudos da sanitarista e doutora em epidemiologia Deborah Carvalho Malta, professora e pesquisadora da Escola de Enfermagem da UFMG, revelam que, entre os adolescentes, o Brasil tem as menores prevalências de tabagismo do mundo. “As últimas pesquisas apontam que 5% deles fumam no país. Mas já alertei em alguns artigos que quando se soma o uso do tabaco com outros produtos, como o narguilé, esse dado cresce para 9%. Isso revela um público vulnerável a novidades”.

Entender o que os jovens querem e como eles se comportam é uma preocupação de quase todas as famílias. A psicanalista e professora da Faculdade de Psicologia da PUC Minas, Paula de Paula, explica que cada jovem se liga ao cigarro, seja do tipo convencional ou eletrônico, por motivos singulares: contestação de regras, apenas curiosidade, busca pelo reconhecimento de grupos ou até para fumar solitário, trancado no quarto. “Os jovens muitas vezes não sabem calcular os perigos aos quais se expõem na busca de uma identidade que seja própria”. A especialista destaca que cabe aos pais, por meio do diálogo, entender qual é o tipo de relação que o jovem estabelece com o cigarro. “Ele pode fumar para tirar um sarro ou por dependência. Caso o hábito seja constante, é preciso muita conversa para identificar o que está causando a compulsão”, orienta.

Em Belo Horizonte, o Programa Municipal de Controle do Tabagismo realiza ações para informar e prevenir a iniciação ao uso do tabaco. Em 2019 foram 185 atividades em 85 escolas municipais, com a presença de 4.895 estudantes.

A Secretaria Municipal de Saúde informa que, em 2019, 6.080 usuários participaram do Programa de Controle do Tabagismo nos 152 centros de saúde da capital, com queda para 2.688 (2020) e 2.745 (2021) em razão da pandemia. Neste ano, 688 pessoas foram atendidas (janeiro a maio). “O tratamento do tabagista contempla estratégias para enfrentar a sua dependência química, comportamental e psicológica. As sessões de abordagem intensiva são realizadas em grupos de 10 a 15 participantes coordenados por profissionais de saúde de nível superior. Em alguns casos, o tratamento pode ser feito com abordagem individual de acordo com a demanda do paciente e a disponibilidade das equipes. Se for necessário, há apoio medicamentoso como complemento”. Para participar do programa, você deve procurar o seu centro de saúde de referência.

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