fbpx

Choque anafilático: o que você precisa saber

Leia também: Os cuidados que devemos ter com as abelhas

Se você levar uma ferroada, raspe imediatamente com uma faca ou pinça para tirar o ferrão. “Nunca o puxe com a mão, pois injetará o resto do veneno”, explica a tenente da reserva do Corpo de Bombeiros Ana Paula Cunha. A reação alérgica, ou anafilaxia, pode acontecer. “Se você nunca foi picado por abelha, não dá para saber se é alérgico”.

De acordo com Dr. Wilson Rocha Filho, pós-graduado em alergia e pneumologia pela Duke University (EUA), a alergia ocorre porque o organismo enxerga uma proteína (alimento ou veneno da abelha, por exemplo) e reage de forma exagerada a ela, o que é tolerado pela maioria das pessoas. “A anafilaxia leve é quando há apenas erupção no corpo, vômito, náusea, diarreia etc. A moderada já admite sintomas respiratórios associados como dificuldade de respirar, desconforto na garganta, tosse, chiado. Na grave, chamada de choque anafilático, há comprometimento cardiovascular, queda da pressão arterial, desmaio e arritmia, podendo levar a óbito”.

O alergista explica que os sintomas da reação anafilática começam nos primeiros 30 minutos até 2h após o evento. “Por volta de 90% das pessoas já os sentem em minutos, e eles podem progredir ou permanecer leves”. Segundo o médico, a maior parte das pessoas que têm reação alérgica recupera-se espontaneamente, pois o organismo tem mecanismos para combatê-la. Algumas, porém, sofrem os sintomas graves. O Brasil teve 303 mortes (2017/22) em razão de reações alérgicas a picada de abelha. Em BH, entre 2016 e 2022 foram internadas 92 pessoas por choque anafilático, seja por ingestão de alimentos ou picadas de insetos. “Quem já teve um choque anafilático tem que estar preparado para um próximo”. De acordo com Dr. Wilson, a pessoa deve ter consigo, 24h por dia, um kit com injeções de adrenalina, substância que corta a reação alérgica em minutos. “Ela não pode ficar desamparada após a primeira reação anafilática. O atraso na aplicação é uma das principais causas de óbito”.

Mas só ter a adrenalina não é suficiente. “O alergista precisa criar um plano de ação por escrito para o caso de novas intercorrências. Além disso, a pessoa deve deixá-lo no porta-luvas do carro e com todos os familiares próximos, inclusive na escola da criança. É primordial que se treine o paciente e sua família para reconhecerem a reação anafilática, muitas vezes confundida com infarto pela dificuldade de respirar”.

Mas onde encontrar adrenalina? “Não se compra em farmácia, é um medicamento hospitalar. Pode-se importar a substância, mas o kit com duas injeções autoinjetáveis, que podem ser aplicadas até por cima da calça jeans e disparam automaticamente (foto), é muito caro por causa do dólar. O kit nacional fica em R$ 50, mas as clínicas particulares não vendem sem acompanhar o paciente. Cada injeção só pode ser usada uma vez, e a dose depende do peso do indivíduo”. Numa urgência, chame o Samu pelo 192 ou vá a UPA Centro-Sul, à Rua Domingos Vieira, 488 – Santa Efigênia. Pacientes particulares ou cujo plano de saúde tenha convênio com o Hospital Orizonti podem procurar atendimento 24h no local, na Avenida José do Patrocínio Pontes, 1.355, acima da Praça do Papa. “Quem recebeu a adrenalina e melhorou precisa ficar em observação no pronto atendimento por pelo menos 4h, pois a reação pode voltar mesmo sem um novo contato com a proteína”.

Dr. Wilson alerta: “Adrenalina causa taquicardia, mal-estar e deixa a pessoa pálida, isso é bom. Qualquer sintoma grave ou combinação de dois ou mais leves, aplique-a imediatamente. Muitas vezes não há tempo suficiente para você chegar ao hospital”.

Leia também: Os cuidados que devemos ter com as abelhas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *