A importância de comprar no comércio local
A pandemia do coronavírus completa um ano agora em março, situação que ninguém esperava ser possível lá no início de 2020. Num rápido passeio de carro pelas ruas da Serra podem-se identificar lojas fechadas e placas de aluguel e venda onde antes produtos e serviços eram oferecidos, clientes, donos e funcionários conversavam, enfim, a economia girava e beneficiava as pessoas.
Num levantamento feito pelo Sebrae/MG com dados da Receita Federal, Belo Horizonte presenciou o fechamento de 22.067 micro e pequenas empresas em 2020, sendo 13.395 microempreendedores individuais (MEI), cujo faturamento não pode passar de R$ 81 mil por ano. O setor de serviços, o segmento que mais perdeu, cerrou as portas de 12.014 empresas. Em 2021, a capital conta com 2.318 fechamentos de micro e pequenas empresas, com destaque para 1.574 MEI e menos 1.282 companhias no setor de serviços, também o mais prejudicado.
Entretanto, isso não quer dizer que novos negócios não estejam sendo criados, muito pelo contrário. No mesmo levantamento, o Sebrae/MG aponta 66.784 micro e pequenas empresas abertas em Belo Horizonte em 2020, 1.580 a mais que em 2019, quando não havia pandemia. Destas, 52.787 são MEI e 37.163 estão no setor de serviços. Neste ano, BH já ganhou 6.831 novas micro e pequenas empresas, sendo 5.548 MEIs e 3.381 no setor de serviços.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, avalia que os belo-horizontinos começaram a empreender por causa da falta de renda no mercado formal: “Prova disso é que a maioria das aberturas foi de microempresários. A expectativa é de que postos de trabalho sejam criados nessa modalidade ao longo de 2021”. Na própria Serra já é percebida a abertura de novas empresas, enquanto outras mudaram de endereço, possivelmente para locais com aluguéis mais em conta.
É óbvio que a situação econômica de Belo Horizonte pode melhorar. E, olhando para a Serra e região, cabe a nós moradores ajudar a movimentar a economia com uma atitude firme: comprar nos comércios do bairro: “As empresas têm como função básica atender à necessidade das pessoas, o que muitas vezes ultrapassa questões econômicas. A empresa local, além de ajudar a fixar a renda na comunidade em que está, pode ser depositária de memórias afetivas ou local de encontro das pessoas que residem no bairro”, afirma Felipe Brandão, gerente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae/MG.
Ele explica que, “mesmo com o aumento das vendas online, a empresa local provém uma série de conveniências e relacionamentos construídos ao longo do tempo com os moradores. Muitas vezes a entrega, o atendimento e o conhecimento das preferências dos clientes se sobrepõem à diferença de preço”.
Felipe Brandão ainda dá um recado aos empresários locais: “É importante que eles estejam conectados com as necessidades do bairro, embora essa conexão quase nunca se dá por meio do consumo entre as empresas. Porém, os comerciantes podem indicar clientes para negócios próximos e de forma recíproca se beneficiar dessas indicações”
Vamos todos ajudar o comércio da nossa Serra?
O Sebrae/MG, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta que o saldo de contratações e demissões nas micro e pequenas empresas de Belo Horizonte em 2020 ficou negativo em 293 postos de trabalho, com 172.783 admissões e 173.076 demissões. Nesse recorte, o comércio foi o setor mais prejudicado, com resultado de menos 4.300 empregos dentre contratações e demissões, seguido pelo de serviços, com menos 3.500 vagas. “Vale destacar que o período mais crítico para o mercado de trabalho foi após o anúncio da pandemia, o que resultou numa sequência de saldos negativos entre março e junho. Nos seis meses seguintes, a tendência foi invertida, mas não o suficiente para suprir as perdas. Estamos carregando uma herança estatística deficitária de empregos formais da pandemia”, analisa Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL/BH.
As dificuldades também atingiram os anunciantes do jornal PLANETA SERRA. Marcela Garcia, proprietária da Doce Maria, pensou em encerrar as atividades diante do cancelamento de casamentos, o carro-chefe da empresa: “Tivemos que reformular receitas e o cardápio para oferecer menores quantidades”. Pelo menos os clientes não deixaram de fazer uma pequena festa, mesmo em casa. “Apostamos em produtos sazonais de Páscoa e Natal, por exemplo, que podiam ser comprados na hora, já que tivemos autorização para fazer delivery”.
Fred Maciel, diretor da Autoescola Monteiro, por outro lado, deixou de funcionar por três meses: “Após a reabertura estamos com um movimento 30% menor, pois trabalhamos com educação e há aglomeração de pessoas. Apesar dos cuidados adotados, alguns alunos continuam com receio de frequentar as aulas”.
Mesmo com o desafio de manter a saúde financeira da Clínica Impacto, a diretora administrativa Cláudia Veloso aposta num 2021 bem melhor: “Os serviços que prestamos terão muita demanda por causa da pandemia, que gerou nas pessoas alto grau de estresse, tendências à depressão, ansiedade etc”. Ela acrescenta que, pelo fato de a empresa estar num imóvel grande, os ambientes são bastante reservados para cada serviço prestado, evitando aglomerações. “Além disso, conseguimos reunir muitos serviços em um único local, o que traz comodidade e segurança sem se deslocar para vários lugares”.
Os anunciantes do jornal PLANETA SERRA, bem como os outros negócios do bairro, precisam estar atentos a vários fatores, como destaca Felipe Brandão, gerente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae/MG: “Conheça a estrutura de capital e de custos, seu produto e se o cliente está disposto a pagar só pelo item ou pela experiência. É primordial ter consciência de onde lhe falta conhecimento, pois aquele que é completamente capaz de produzir, vender, atender e, ainda por cima, cuidar do dinheiro de forma eficaz ainda não nasceu”.
Então, contribua com o comércio local e convide seus amigos e familiares para fazerem o mesmo. Empresário, mostre seu negócio para milhares de pessoas da região! O jornal PLANETA SERRA tem 11 mil exemplares distribuídos no SuperNosso, Verdemar, nos três EPAs, Drogas Raia e Araújo, Restaurante do Minas, padarias Santíssimo Pão e Gran Vitória, entre outros pontos. O nosso bairro só tem a ganhar com um comércio local forte!