fbpx

Antônio de Paiva Moura: vida dedicada à arte

A Serra é reduto de várias pessoas que fizeram – e fazem – algo de importante nos mais variados assuntos. Antônio de Paiva Moura, 79 anos, é um desses exemplos, tendo publicado dezenas de livros e contribuído com a Escola Guignard e a Feira Hippie.

Nascido em Moeda em 1939, o professor chegou a Belo Horizonte com 16 anos para estudar. Não mais saiu da capital, onde se casou com Marieta Motta Moura, de Diamantina, com quem tem dois filhos serráqueos: Bruno e Marcos Moura. A relação com nosso bairro começou em 1973, época em que, segundo ele, “ainda havia algumas chácaras. A Serra era um misto de cidade e campo, pois as chácaras forneciam alimentos para a cidade”, explica.

Antônio de Paiva Moura residiu primeiro perto do Hospital Evangélico, depois passou pelas ruas Capelinha e Guaxupé até chegar à Rua Amapá. “A Serra surgiu muito espontaneamente. A Rua do Ouro era a antiga estrada para a Mina Morro Velho, suas várias curvas são oriundas das carroças e carros de bois. A Estevão Pinto foi construída da mesma forma”, recorda-se o professor.

O interesse de Antônio de Paiva Moura por história vem desde pequeno: “Todo o tempo que eu tinha de folga, lia livros de literatura e história”. Quando avisou que iria fazer um curso na área, o pai, João Vicente de Moura, reprovou a ideia: “Ele falava que eu ia morrer de fome, que eu tinha de fazer direito ou economia”.

Mas Antônio de Paiva Moura apostou em seu sonho e colheu os frutos de sua escolha. Sua aproximação com a Escola Guignard e com a arte se deu em 1968 quando, contador da Imprensa Oficial, foi designado a fazer o levantamento das finanças, bens e utensílios da escola, que havia acabado de ser absorvida pela instituição. “Quando finalizei o serviço, eu voltaria para a Imprensa Oficial, mas o então diretor da Escola Guignard me convidou para trabalhar lá”, lembra.

Professor na Escola Guignard entre 1969 e 2000, Moura não chegou a conhecer o fundador, o pintor Alberto da Veiga Guignard, falecido em 1962 e também morador da Serra – há um edifício com seu nome na Rua Caraça, quase esquina com Estevão Pinto. Mas tratou de melhorar o local nos mínimos detalhes durante sua passagem na diretoria, entre 1969 e 1972: “Não havia organização de nada, tive que levar o acervo, que ficava jogado no porão do Palácio das Artes sob umidade e risco de furto, para o cofre-forte da Imprensa Oficial”. 

escola guignard
escola guignard

Desde sua fundação, em 1943, a Escola Guignard era conhecida por formar artistas por meio de cursos livres, que “não tinham grade curricular. O aluno escolhia pintura, e o professor recomendava que ele passasse primeiro pelo desenho. Era uma troca de experiências entre alunos e professores”, destaca Antônio de Paiva Moura, que emenda: “Foi assim que nasceram artistas como Maria Helena Andrés, Solange Botelho, Amílcar de Castro, Mari Vieira, Álvaro Apocalipse e Yara Tupinambá, que era moradora da Serra”. Com a absorção da escola pelo Estado, foi-se perdendo a expertise de ensinar arte. Atualmente com sede no bairro Mangabeiras, a Escola Guignard é vinculada à Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG): “Isso burocratizou ainda mais, a escola não tem mais a função de formar artistas, mas pessoas ligadas às profissões, como um engenheiro que quer aprender desenho. Deixando claro que a formação técnica é necessária”, explica Moura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *