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As curiosas histórias do Posto Santa Clara

Funcionando há 60 anos, é claro que o Posto Santa Clara foi palco de várias histórias curiosas. Se hoje a maioria dos carros é flex, errar de combustível há algumas décadas era sinônimo de confusão: “De vez em quando o frentista ou o motorista se enganavam. Naquela época tínhamos de colocar uma mangueira para puxar todo o combustível e esvaziar o tanque, dava muito trabalho”, conta Rogério.

O filho de Odilon era especialista na troca dos bujões dos carros: “Tinha que ter atenção na troca de óleo. Muitos carros vinham com o bujão roçado no encaixe da ferramenta, então eu tinha o meu kit com talhadeira e marretinha, além do conjunto de bujões, para fixar no carro. Era especialista em sacar o bujão agarrado, estragado”. Rogério também se lembra de uma situação curiosa: “Uma vez um funcionário abriu a caixa de um Volkswagen para colocar óleo, mas se esqueceu de fixar o bujão de cima, pois esse modelo tinha dois. O freguês foi embora, e meu pai foi acompanhando a marca de óleo derramado pelas ruas até a Caraça, onde encontrou o veículo”.

Rogério coleciona dezenas de pastas e objetos do posto, preservando detalhes importantes: “Meu pai nunca jogava um papelzinho fora e eu herdei isso dele. Temos aqui uma carta de próprio punho, escrita por um cliente, agradecendo por termos devolvido um pacote de dinheiro embaixo do banco do carro durante uma lavagem. Não fizemos mais do que a obrigação”.

Os funcionários do posto também já encontraram outra coisa: “Uma cliente, dona de sítio, toda segunda-feira trazia seu veículo (Vemaguet) para lavar. Eis que numa dessas vezes veio uma cobra junto das hortaliças e ficou dentro do carro. Foi um susto daqueles (risos)”.

O comerciante conta que muitos motoristas vinham de outros bairros, passavam por vários postos, mas escolhiam o Santa Clara por fidelidade. Alguns pais até levavam seus filhos, mas por outro motivo: “Tínhamos um tucano muito manso, nem sei como veio parar aqui. Havia também uma araponga, conhecida como pássaro ferreiro por causa do canto metálico, além de 30 periquitos australianos, um macaco-prego e um pássaro preto, que ficava solto, todos registrados no Ibama”.

Mas nem todas as histórias são positivas: “Vários clientes tinham vale e acertavam mensalmente, tenho envelopes de 1961 até quando o posto fechou”. Infelizmente, Rogério também tem guardados centenas de cheques devolvidos: “Cheguei a ir ao cartório para protestar os cheques, mas nunca recuperamos o dinheiro. Se eu conseguisse arrecadar esses valores, teríamos construído outro posto”.  O empresário conta que o de maior valor data de 1983, de 967 mil cruzeiros, que em valores de 2017 seria algo em torno de R$ 16.500,00.

Dentre fatos positivos e negativos, Rogério tem uma vida dedicada ao antigo Posto Santa Clara: “Conheci minha primeira namorada aqui no posto, era filha de um cliente. E a última também, somos casados há 35 anos”.

As mudanças pelas quais passou a nossa Serra

Quando chegaram à Serra, Odilon e Odemar viram um bairro bastante diferente do atual: o calçamento na Rua do Ouro ia até a esquina com Monte Alegre, depois era tudo de terra. Na esquina de Cícero Ferreira com Monte Alegre, o filho de Odilon explica que havia a colchoaria do senhor Agustavo, exatamente onde hoje se encontra um prédio. “Em frente ao posto já existia a Mello Mercearia, onde funcionava até um açougue. Eu via o caminhão que entregava as carnes bem cedo”.

Defronte ao antigo posto também havia um depósito de material de construção: “Com a saída da empresa, o lote ficou vazio por muitos anos. Meu pai conseguiu comprá-lo e fez um estacionamento, só depois ele elaborou o projeto atual, com sete salas na parte de cima, com entrada pela Rua Monte Alegre, e lojas na parte de baixo. Os primeiros inquilinos foram uma loja de roupas, que depois virou locadora, uma padaria e uma farmácia, já na esquina com Monte Alegre”, informa Rogério Fortini.

O filho de Odilon também se lembra do Córrego da Serra, que vinha da Rua Dona Cecília, passando pela Américo Scott, e era totalmente aberto: “De um lado funcionava o restaurante do Seu Zé da Ponte, pois havia uma ponte ali”. Nas esquinas das ruas Edgar Coelho e Cícero Ferreira havia um lote muito grande, de propriedade do Hospital Santa Clara. “Nos fundos eles tinham uma oficina completa de manutenção da frota”, conta Rogério.

One thought on “As curiosas histórias do Posto Santa Clara

  • 17 de março de 2021 em 7:15 pm
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    Aqui é a Vânia Gonçalves, gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.

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