Asfalto na Rua Alumínio surpreende moradores
Em 23 de janeiro recebemos contato da moradora Mary Passos informando que a Rua Alumínio, de um quarteirão (entre Praça Milton Campos e Estevão Pinto), seria asfaltada – veja vídeo em nosso Instagram abre.ai/rua-aluminio. “Estou muito preocupada com a velocidade dos carros, aqui tem muitos gatos dos vizinhos que acabam atravessando a rua, além das crianças”. Amador Mendonça, síndico de um prédio, tentou evitar a situação: “Redigimos um ofício com abaixo-assinado para a Regional Centro-Sul, mas não surtiu efeito. Como não fomos avisados sobre a obra, fizemos tudo muito em cima da hora”. A suspeita dos moradores é de que uma construtora tenha pedido à prefeitura o asfaltamento da rua quando terminasse o prédio. Procuramos José Augusto Castanheira, diretor comercial da empresa, que afirma que a solicitação não partiu deles.
Acionamos a prefeitura em busca de informações: “A via apresenta um pavimento concebido em calçamento poliédrico com uma grande quantidade de remendos em asfalto. Essa superfície irregular compromete o conforto e segurança dos motoristas e não permite a pintura de faixas de rolamento, estacionamento e garagem, o que agora vamos fazer”. A PBH explica que a Alumínio é uma via local com velocidade máxima permitida de 30 km/h. “Vamos monitorar nos próximos meses para avaliar a necessidade da instalação de quebra-molas”.
Conversamos com o engenheiro civil do DER, Gilmar Scarpone, para entender a diferença entre poliédrico e asfalto: “O primeiro é mais permeável, então tem boa capacidade de drenagem superficial, mantendo o nível do lençol freático mais alto. Parte da água da chuva não escorre, infiltrando no pavimento, principalmente quando sua base é formada por areia, o que contribui para minimizar futuras enchentes”. O especialista destaca que o asfalto é praticamente impermeável, impossibilitando a penetração da água. “Misturas asfálticas aplicadas em vias na cidade com alto índice de vazios com o objetivo de torná-las permeáveis comprometem sua vida útil, acarretando trincas e futuros buracos”. Vale dizer que o pavimento asfáltico proporciona maior conforto e segurança ao usuário, diminuindo o custo de conservação dos veículos. “O calçamento poliédrico, por ser mais irregular, provoca maior desgaste das peças. Porém, a deficiência no processo de manutenção é prejudicial em qualquer um dos dois”.
Amador avalia que o calçamento da Alumínio era “muito mal cuidado”. Mais de um mês depois do asfalto, ele afirma que ficou mais confortável trafegar. “É silencioso quando o carro passa, antes fazia muito barulho. A velocidade dos motoristas é um risco, mas a rua é estreita e com estacionamento dos dois lados, então espero que eles não se desloquem por aqui muito rápido”. Outra preocupação é com a falta de bocas-de-lobo, pois só existem quatro já na esquina com Estevão Pinto: “Deveriam ter instalado algumas quando estavam asfaltando”. Gilmar acrescenta que, diante de altos picos de chuvas intensas, a enchente vai ocorrer em qualquer tipo de pavimento.
O PLANETA SERRA aguarda a pintura das faixas e está à disposição dos moradores para ajudar, se for o caso, no pedido de quebra-molas. Resignada, Mary Passos apenas lamenta a perda da poesia que existia com o poliédrico, “agora escondida sobre o asfalto. A rua está mais bonita, mas espero que isso não resulte no aumento do IPTU, já que os imóveis agora estão mais valorizados. O asfalto nunca fez falta na Rua Alumínio”.
MELHORIAS À VISTA?
O PLANETA SERRA procurou a prefeitura a fim de questionar sobre um problema que põe em risco os motoristas que estão na Rua Alumínio e querem adentrar a Estevão Pinto. Os carros estacionados bem na esquina, em local proibido, atrapalham muito a visibilidade. “Existem bocas-de-lobo impedindo o acréscimo da calçada. Vamos elaborar um projeto para demarcar essas áreas com proibição de estacionamento por meio de pintura e tachão para dificultar as infrações”.
Também questionamos sobre o não asfaltamento da Rua Angustura, via mais movimentada que a Alumínio, inclusive com linhas de ônibus. A administração pública informou que ela será vistoriada e analisada essa possibilidade. Nós vamos acompanhar ambas as demandas!
Me solidarizo com a moradora Mary Passos. O mesmo ocorreu na Rua Dona Cecília, em janeiro de 2020. A rua, que era de calçamento entre Rua Monte Alegre e Rua Dona Marianinha, foi asfaltada sem consulta ou informação prévia aos moradores, além de terem retirado uma faixa de estacionamento.
Com isso, aumentou a velocidade dos carros e a rua perdeu o ar pitoresco.