Brincando, a criança se conhece e se fortalece
As mãozinhas que mexem viram brinquedo, os pezinhos alcançam novas coisas e lugares, o outro vira objeto de exploração. É assim que os pequenos crescem e se desenvolvem. E nada melhor do que fazer tudo isso brincando: “A linguagem própria das crianças é o brincar”, aponta Lilian Costa, diretora pedagógica da Escola Infantil Visconde de Sabugosa, que recebe alunos de 1 a 5 anos. Por isso mesmo, as brincadeiras são o principal material didático da escola: “Desafiamos nossas crianças a pensar, testar e construir de forma prazerosa. O professor propõe jogos coletivos e individuais, de cooperação ou de competição”.
A Visconde já teve aulas de informática há alguns anos, mas optou por encerrá-las a fim de priorizar jogos que trabalhem aspectos corporais, cognitivos, emocionais e que resgatem nossa cultura, como queimada, corre-cutia, amarelinha etc. “Por trás de cada brincadeira há sempre os objetivos do professor”. Com turmas reduzidas, as crianças são mais assistidas e estimuladas. “É na brincadeira que vemos a criança que arrisca, que tem medo, que é autoconfiante, persistente ou que sente dificuldade e desiste. O lúdico é revelador”.
Lilian diz que as brincadeiras de faz de conta são essenciais na educação infantil, pois por meio delas é possível se comunicar com as crianças em sua intimidade: “Às vezes nem elas sabem o que estão sentindo, mas a boneca ou super-herói falam o que elas não têm condições de expressar. Além de aguçar a imaginação, essas brincadeiras funcionam como ludoterapia”.
Evidentemente, os jogos expõem problemas: “Nossa proposta pedagógica é a construtivista, que respeita as diferenças. O desafio precisa ser na medida certa, nem tão difícil nem tão fácil que desmotive. O ganhar e perder é explorado, pois devemos ajudar as crianças a passarem por esses momentos, valorizando quando ela saiu vitoriosa porque se esforçou e não desistiu”.
As regras e combinados são explicados em grupo, durante rodas de conversa, e estabelecem valores éticos que não podem ser burlados. “Isso torna o grupo forte, pois uma criança cobra da outra. Às vezes uns querem passar na frente do colega, desistir após falhar, apelam com o outro ou nem querem brincar. O combinado é pelo menos a criança tentar, e ela acaba rompendo barreiras e se envolve com o jogo”.
A Visconde valoriza o resgate cultural, mas oferece brincadeiras e jogos novos, com desafios que oportunizam à criança superá-los e se sentir segura e forte, com autoestima elevada. Outra dinâmica muito importante é o recreio: “A criança não tem o direcionamento do professor e brinca livremente, explora o ambiente, entra nas brincadeiras, conquista colegas e negocia com eles. O professor está sempre por perto, encorajando ou intervindo quando necessário”.
A brincadeira é o recurso que a criança tem para desbravar o mundo: “Se ela não brinca, perde a oportunidade de desenvolver-se motora, cognitiva e socialmente. Acaba sem lidar com frustrações e não busca estratégias para os problemas, ficando acomodada, sem nenhuma iniciativa, passiva, ‘atrofiada’ em seu desenvolvimento. Brincar é essencial”.
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