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Casa de Maria: benção aos mais necessitados

O imóvel da Rua Caraça, 966, significa esperança para milhares de pessoas do Aglomerado da Serra. No 2º andar existe o Pré-Vestibular Vila Marçola, retratado na edição de outubro do jornal PLANETA SERRA, enquanto o térreo abriga a Casa de Maria, associação que serve refeições a moradores de rua e do Aglomerado duas vezes por semana, geralmente terça e sexta.

O projeto existe há mais ou menos 15 anos, mas uma das fundadoras, Nilza Soares Santos, já distribuía refeições há quase 30 anos. “Pe. Tarcísio que me ajudou, mas, com a morte dele, em 1998, tivemos altos e baixos e dúvidas de como seguir com a ajuda”, conta Dona Nilza, que também já entregou cestas básicas, mas deixou de fazer isso porque alguns maridos acabavam trocando-as por bebidas e cigarro.

Dona Nilza foi desanimando com essa situação e resolveu conversar com Pe. Natanael, que substituiu Pe. Tarcísio na Paróquia São João Evangelista. “Tivemos a ideia de entregar as refeições prontas, mas fazer desse jeito era complicado”, explica. Tudo ficou possível depois de uma reunião memorável: “Como era líder comunitária, fui convidada para um encontro com Dom Serafim e vários padres de Belo Horizonte”, recorda-se Nilza. Ela ficou na sala das obras sociais com mais de 60 pessoas, mas disse que nada tinha a falar. “Como insistiram para que eu fizesse um relato, acabei dizendo algumas coisas que havia presenciado no Aglomerado, como gente comendo cachorro morto do lixo, desmaiando de manhã por falta de comida, pai de família dando cachaça aos filhos para não os verem com fome”.

Ao final da reunião, um senhor se aproximou de Dona Nilza. Era Altino Mota dos Santos: “Ele me abraçou, choramos juntos, e ele disse que me ajudaria”. Num primeiro momento, Dona Nilza não acreditou, mas Altino a telefonou dez dias depois e foi à casa dela, no Aglomerado da Serra, para uma conversa. Trazia a proposta de construir um local onde ela pudesse distribuir refeições aos mais necessitados. “Ele era ateu e teve um sonho no qual deveria criar uma entidade e chamá-la de Casa de Maria”. Dona Nilza teve a incumbência de escolher um local para abrigar o projeto e ceder o material humano para as obras: “Comecei a procurar um imóvel, mas só encontrava para alugar. Altino queria comprar”. Ao passar em frente ao número 966, Dona Nilza viu um centro de saúde desativado: “Conversei com algumas pessoas e consegui autorização para reformar o imóvel e fazer dele a Casa de Maria”. Uma semana depois começaram as obras de adequação do local, que terminaram em oito meses – o segundo andar foi construído depois. “Inauguramos a Casa de Maria com todos os utensílios novos e mantimentos”.

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