Como introduzir as crianças nas atividades
Evidentemente, cada criança precisa de tempo para ler, brincar, estudar e ter entretenimento livre. Sônia Eustáquia explica que as tarefas domésticas não devem ultrapassar de 10% a 20% do tempo da criança, pois “aí já vira um abuso, enquadrado no trabalho infantil”.
A psicóloga reforça que o objetivo da tarefa é “para a criança criar compromisso e cumpri-lo, ela tem que se sentir competente com tal atividade”. Já os pais precisam ter certeza de que a criança dá conta e de que não estão exigindo demais dela: “O importante não é a tarefa pronta em si, mas o aprendizado da criança”, reitera. Veja dicas de como introduzir as crianças nas tarefas domésticas, o que deve ser incentivado e o que deveria ser evitado…
Idade: uma tarefa muito difícil pode ser frustrante para a criança ou até perigosa, enquanto algo muito fácil pode ser desanimador. A individualidade e capacidade de cada criança devem ser levadas em conta, mas é importante que elas façam de tudo, pois é um aprendizado para a vida.
A primeira vez: os pais devem ressaltar que a criança é capaz de fazer a tarefa, informando-a sobre os riscos e estimulando o senso de responsabilidade dela. A criança precisa ser avaliada e gosta de ser bem avaliada. Deve-se elogiar primeiro e depois pontuar onde ela pode melhorar. Sempre que possível, deixe a tarefa como a criança fez.
Cuidados: crianças abaixo de seis anos precisam de supervisão constante, mas a partir de dez anos isso não é mais necessário. Para os pais sem tempo, a tarefa pode ser uma oportunidade de conviver mais com os filhos. Deve-se evitar deixar o mais velho tomando conta do mais novo, no máximo deixá-lo colaborar, sempre na presença de um adulto. A falta de paciência dos pais pode gerar ansiedade na criança.
Bagunça: a comunicação tem que ser assertiva, você precisa dizer o que quer, como quer e para quando deseja, tendo certeza de que a criança entendeu. O afeto para com a criança é importante, ela precisa se sentir amada, respeitada e valorizada.
Brincadeira: as atividades podem envolver música (guardar os brinquedos cantando) e a contação de estórias. Competições e jogos também podem existir, como quem arruma os sapatos do outro mais rápido. Os pais devem ser criativos.
Recompensas: não se deve dar presentes ou dinheiro à criança por tarefas cumpridas, pois os pais não querem um empregado, mas uma participação no fazer da família. Essa é a motivação a ser trabalhada. Um meio termo interessante é propor atividades culturais, como ir ao teatro, ao cinema ou ao parque, visitar uma exposição etc.
Introdução tardia: filhos com nove anos ou mais que nunca fizeram tarefas domésticas podem ser introduzidos, mas a motivação terá que ser maior. A cultura brasileira ainda é a de ter empregado, mas as pessoas têm capacidade de se aprimorar e de se sentir úteis aos outros. É isso que dá sentido à vida.
Fonte: psicóloga Sônia Eustáquia e pediatra Maria Thereza Valadares