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Doar os órgãos ajuda na elaboração do luto

Perder um ente querido é sempre um momento de tristeza: “A morte leva o afeto na hora em que o amor ainda está presente, pois você tem de abrir mão de pessoas a quem você dedica muito amor e carinho”, explica a psicóloga Maria Virgínia Pires Nishi. É um momento difícil, sim, mas a profissional avisa que o luto precisa ser vivido: “É importante até para que a pessoa supere isso de forma mais saudável. Quando você engole essa tristeza, futuramente ela volta mais forte, causando outros prejuízos emocionais”.

De acordo com ela, o luto não ocorre só com a morte de alguém querido, ele também está ligado à perda do ato afetivo, o que pode acontecer “numa demissão ou no divórcio. Desde criança você vai aprendendo a lidar com as perdas, que fazem parte da vida”, explica a psicóloga.

O luto não se resolve de uma hora para outra, é um processo que vai acontecendo em etapas e pode variar para cada um. Há várias formas de aliviar a dor da perda, como chorar, conversar bastante com os amigos e até escrever uma carta ao ente querido, sugere a psicóloga. Maria Virgínia também mostra que uma boa ação contribui na elaboração do luto: “É quando você entra na fase da aceitação e quer honrar seu ente querido fazendo homenagens e ações que edificam a memória dele. Isso consola”, explica.

Um exemplo de como aliviar o luto é aceitar doar os órgãos e tecidos do ente querido: “Se a pessoa conseguir perceber, conscientemente, que a partir do momento em que ela autoriza a doação está trazendo seu ente querido mais próximo, isso ajuda muito. Seus órgãos continuam dando vida a outras pessoas”, afirma a especialista.

Omar Lopes Cançado Júnior tem a mesma opinião: “As famílias, depois que autorizam a doação, se sentem até confortadas com o gesto. É sinal de que a morte daquela pessoa não foi em vão, pois ela salvou várias vidas. A rotina de quem está esperando por um órgão ou tecido muda completamente”. Por isso, ele lembra que as pessoas precisam conversar sobre doação de órgãos e expressar em vida, junto aos familiares, o desejo de ser doador.

Elas devem conversar não só sobre doação de órgãos, mas também acerca da finitude humana. Assim sendo, as negativas de doação por parte das famílias tendem a diminuir, ajudando cada vez mais pacientes que esperam por um órgão.

A psicóloga do MG Transplantes, Fernanda Paizante, dá detalhes de como é o trabalho da equipe: “Assim que a família do potencial doador recebe o diagnóstico de morte encefálica, não temos muito tempo para que ela elabore o luto. A partir daí, conversamos com a família, pedimos para que esta se reúna, chegue a um consenso sobre doar ou não e nos responda”, explica. Segundo ela, às vezes é possível perceber as razões para a família não querer doar, como conflitos entre os membros, quando um quer, mas o outro não: “Nós não entramos muito nesse tipo de problema, pois não queremos gerar ainda mais tensão. O equilíbrio é muito tênue e muito importante para não incorrermos no desrespeito à família”.

Minas Gerais é apenas o sétimo colocado em número de doações em 2018 (1º semestre), refletindo queda de 10% em relação ao mesmo período de 2017. Por isso precisamos conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. Faça a sua parte, seja um doador

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