Escrever no diário desenvolve o português
Os benefícios do diário não se limitam apenas às questões pessoais. A professora de português, Daily Marques de Oliveira, defende que escrever regularmente incentiva a imaginação da criança: “Ela precisa organizar os fatos mentalmente, passando-os da memória para o papel. Assim, acaba aprimorando ortografia, acentuação, formação de frases, períodos e parágrafos”.
A professora sugere que crianças do 5º ano do Ensino Fundamental I, por volta dos dez anos, já podem escrever no diário, pois têm noção do idioma: “Isso deve ser incentivado, inclusive no ensino médio. Se o aluno começa a escrever por causa do diário, ele acaba tomando gosto pela escrita, ficando muito mais fácil fazer a redação do Enem, por exemplo. Além de aprender outros gêneros textuais, o diário é apenas um deles”.
Daily explica que o diário pode ser feito com caneta e papel ou no computador, com uma ressalva: “Se a pessoa escrever no blog utilizando o linguajar da Internet, com abreviações e sem levar em conta os padrões da norma culta, não vai aprender nada. Não precisa ser uma linguagem formal, pode ser coloquial, mas dentro dos padrões do idioma”.
Qualidade da escrita
A professora de português, que dá aula para o 6º ano do ensino fundamental, lamenta a qualidade da escrita de seus alunos: “Eles não gostam de escrever, não entendem a importância de copiar a matéria do quadro, costumam pedir para tirar uma foto com o celular. Escrever também ajuda na coordenação motora e na qualidade da caligrafia, muito ruins atualmente”.
Ela sugere a crianças e adolescentes que têm dificuldade de organizar o pensamento na hora de escrever que leiam livros dos mais variados temas: “Ler e escrever melhora a qualidade da escrita. Os livros devem ser adequados à faixa etária, para que se entenda a história e a pessoa não fique desmotivada”.
Segundo Daily, os jovens precisam ler jornal, gibi etc. para que aprimorem o vocabulário, muito pobre atualmente. E esse hábito tem que vir dos pais: “Claro que eles não podem ler o diário dos filhos para avaliar o vocabulário, pois é um texto íntimo e individual. Portanto, cabe aos adultos incentivar os jovens a ler notícias e livros e depois perguntar o que eles entenderam de determinado trecho. Não é suficiente entregar o material e ficar por isso mesmo”. Para a professora, os filhos que veem os pais lendo também o fazem, assim como o contrário, pois eles se espelham nos adultos.
Sugestões
Se você é adulto e tem dificuldade de escrever, o diário pode ser o ponto de partida, mas não a única ação: “Para melhorar o vocabulário a pessoa tem que ler mais, seja jornal, revista ou livros. Comece por histórias infantojuvenis, de vocabulário mais simples, para depois ler livros que exigem mais vocabulário”. Outra sugestão de Daily Marques é ler com o dicionário do lado ou com acesso ao Google: “Se não tiver nenhum dos dois, basta perceber o contexto em que determinada palavra está inserida, o que ajuda muito numa prova, sem acesso a ambos”. Basta ler mais que a escrita melhora. Para comprovar isso, a professora sugere à pessoa voltar ao que escreveu dois ou três meses depois para ver a evolução na escrita. Que tal começar a ler e escrever hoje?