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Estabeleça uma rotina mentalmente saudável

Texto publicado na edição de novembro/20

Estão sendo tempos complicados esses de isolamento social por conta do coronavírus. Trancadas em casa na maior parte da pandemia, as pessoas precisaram reinventar suas rotinas para superar a lenta passagem das horas e dos dias. Com a volta da correria habitual, a tendência é que você deixe para trás algumas coisas, mesmo as positivas.

Entretanto, a psicóloga Maria Cristina Resende explica que é importante a manutenção de certos hábitos: “Pais e filhos que passaram a brincar juntos e conversar precisam continuar fazendo isso, mesmo que por pouco tempo”. Ela explica que a brincadeira, sem tecnologia, é também momento de educar, pois a criança aprende a dividir os brinquedos, a perder, “é algo que só se alcança na prática”.

Os casais também precisaram se reorganizar: “Vi muitos casos de separação durante a pandemia, pois as pessoas não estavam acostumadas a conviver, viam-se muito pouco”. A psicóloga sugere que você precisa ter em mente que o outro também é um ser humano, passível de falhas, e que tratá-lo como amigo ajuda nos momentos de discussão. “Muitos idealizam o par perfeito, mas isso não existe, é primordial se colocar no lugar do outro. Uma boa dica é trocar os papéis e cada um falar como se fosse o outro, pois nem sempre você sabe o que transmite”. Maria Cristina defende que o casal deve ter momentos juntos, por exemplo nas refeições em família, mas sem televisão e celular: “A tecnologia não deixa sobrar nenhum segundo. Não precisamos dela 24h por dia, temos que separar um tempo para conversar, contar casos…”.

A desaceleração da mente, uma marca da pandemia, também deve ser feita em alguns momentos: “É melhor ao acordar, pois as pessoas já levantam pensando no resto do dia. Deve-se focar no presente, não adianta estar com a mente no futuro, ele é incerto. Precisamos ter atenção plena (mindfulness), isso diminui a ansiedade”. Maria Cristina também sugere a desaceleração no fim do dia, antes de estar com a família, para que o estresse do trabalho não seja levado para casa.

Os exercícios são simples: deve-se começar equilibrando e prestando atenção na respiração até ela ficar normal. “A partir daí você percebe cheiros, gostos e sons ao redor, o que a correria não permite. Também pode ser feito no trânsito e na hora do almoço, nem que seja por cinco minutos. A pandemia mostrou que não é preciso pensar em trabalho 24h por dia”.

Com isso, diminui-se a síndrome do pensamento acelerado, quando um pensamento alarmista sobre o futuro próximo vai encadeando outras preocupações, num redemoinho que traz muita ansiedade: “Com a respiração equilibrada, você deve prestar atenção ao pensamento sem justificá-lo, deixe-o passar assim como a um carro na rua. Ele vem e vai embora. Com isso, você se distancia do pensamento e o avalia com mais calma”.

Se você redescobriu aquele hobby que não fazia há tempos, mantenha-o. Maria Cristina afirma: “O sentimento de fim da época da pandemia nos dá a dimensão correta do valor das coisas. O que de fato é importante para você? Gastamos tanto tempo, dinheiro e energia com coisas que não servem para nada. Todo mundo vai sair dessa crise mais consciente da figura do outro, não podemos perder isso com a volta da rotina”. O que você está aprendendo na pandemia do coronavírus.

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