Foi picado ? Saiba como agir da maneira certa
A gerente de operações da SMSA, Cláudia Capistrano, lembra que o escorpião não vê o ser humano como alimento: “Ele não sai em busca de nos atacar, o acidente ocorre porque encostamos ou até esmagamos o animal, que reage picando. O escorpião só usa a peçonha para capturar um inseto menor que ele”.
Segundo ela, o número de pessoas picadas por escorpião em Belo Horizonte fica em torno de 1 mil a cada ano. “Em 2018 (números parciais) foram 753 acidentes desse tipo, sendo a Região Centro-Sul a segunda com maior número de casos, 26, contra 120 ocorrências na Região Nordeste. Não houve mortes”. As crianças e adultos e idosos com doenças cardíacas prévias fazem parte do grupo de risco: “Por causa do pouco peso corporal, o veneno pode circular mais rápido na criança, levando-a a óbito. O idoso tem mais peso que a criança, mas o veneno pode alterar a pressão sanguínea e causar complicações cardiorrespiratórias em quem já tem alterações desse tipo”, explica Cláudia.
O Dr. Adebal de Andrade Filho, especialista em clínica médica, enumera os sintomas da picada: “Dor e vermelhidão no local, náuseas, vômitos, aumento ou redução de pressão arterial, arritmias no coração e insuficiência respiratória por edema agudo de pulmão”. De acordo com ele, a maioria dos casos (97%) evolui bem só com dor local, apenas 3% requerem soro antiescorpiônico e tratamento específico. “A presença de vômitos é um sinal de alerta”.
Cláudia Capistrano avisa que, em caso de picada, o Hospital João XXIII é o único local preparado para atender a esse tipo de ocorrência: “Nunca se deve esperar o efeito do veneno em casa, mesmo que seja uma pessoa de boa saúde. O médico é que vai avaliar a condição do paciente, o que deve ser feito com urgência”. Dr. Adebal acrescenta que não se deve fazer torniquete (instrumento para deter temporariamente o fluxo sanguíneo de um membro); cortar ou furar o local; tentar chupar o veneno; passar qualquer substância no local; oferecer alimentos ou medicamentos até que seja orientado pela equipe de saúde; ingerir bebida alcoólica ou leite: “Não deve ser passado gelo no local, pois isso não impedirá a disseminação do veneno e ainda pode mascarar o quadro, comprometendo o tratamento específico”, alerta.
O médico afirma que a espécie predominante em BH é o Tityus serrulatus (escorpião amarelo), responsável por 95% dos acidentes atendidos no Hospital João XXIII: “Não há necessidade de capturar o escorpião que o atacou, basta tirar uma foto do animal para que ele seja identificado pela equipe de saúde, o que ajuda na condução do caso”. Ele explica que geralmente as pessoas estão ansiosas com o acidente e, na tentativa de capturar o escorpião, poderá surgir outra vítima.
Em caso de captura segura, com um pote de vidro transparente, por exemplo, Cláudia Capistrano pede que a prefeitura seja avisada, pois o escorpião é encaminhado para a Funed (Fundação Ezequiel Dias) para a produção de soro. Dr. Adebal explica que a toxina do escorpião é administrada em cavalos, que produzem anticorpos contra o veneno, dando origem ao soro.
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