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O valor do hábito de leitura para as crianças

É normal estarmos cansados ao fim do dia por causa da correria, mas que tal dedicar um tempinho para contar histórias aos seus filhos ou netos? De acordo com a professora Débora Marques de Miranda, formada em medicina pela UFMG e com experiência nas áreas de pediatria e neurociência, ler para as crianças ativa várias áreas do cérebro a depender do estímulo utilizado: “Quando você mostra uma imagem num livro e conta uma história, a criança precisa completar a informação, o que abre espaço para a criatividade e imaginação”.

Débora sugere ler para as crianças a partir dos 6 meses: “Não existe um horário ideal, mas a noite serve como um ritual do sono e por causa da disponibilidade dos pais. Bastam 15 a 20 minutos, não é para ler o livro todo de uma vez, são pequenos fragmentos”. A pediatra afirma que o mais importante é implementar uma rotina clara, pois a previsibilidade ajuda muito a criança no dia a dia: “Pode-se escrever a rotina num quadro, pois elas são muito visuais. Assim, haverá envolvimento e consistência. Só não adianta impor as coisas, pois isso tirará parte do prazer. Não há limite para a frequência, mas quanto maior, mais esse hábito vai se perpetuar”.

A professora argumenta que é importante a criança escolher o que deseja ler, pois isso aumenta a chance de o momento ser proveitoso. “Se ela tem dificuldade de concentração, quem está lendo precisa envolvê-la ao máximo na história fazendo perguntas ao longo da contação. Os pais ou avós devem entrar no mundo maravilhoso da literatura, modulando ritmo e entonação. Há uma teatralidade envolvida, isso cativa a criança”.

Obviamente, a concorrência com os meios digitais é grande: “Na pandemia muitas crianças ficaram diante de telas, inclusive há estudos mostrando alterações no sono. Por isso, deve-se tirar a tela quando começar a escurecer e fechar o dia com uma história. Mesmo que ela não se lembre do enredo em si, guardará consigo a experiência de estar com os pais ou avós”.

A pediatra entende que os jogos eletrônicos são um meio de socialização de crianças e adolescentes, o que também é benéfico no desenvolvimento socioemocional. “As habilidades aprendidas nos meios digitais funcionam apenas no jogo, não são aproveitadas em outras atividades. Até a adolescência e início da vida adulta, o cérebro privilegia as sinapses mais utilizadas, selecionando aquilo que consegue fazer com maior eficiência. Não se deve impedir o acesso completo aos jogos, mas regrar o tempo neles”.

Débora aponta que as crianças não tenham envolvimento com telas até os 3 anos, mas esclarece que a ciência não é uma verdade absoluta e que isso pode mudar no futuro. “Esses cérebros ainda são muito imaturos e biologicamente mais suscetíveis a danos. Os meios digitais são uma realidade, mas precisamos minimizar os efeitos negativos”.

Se você ainda não criou o hábito de leitura no seu filho ou neto, pode começar hoje. “Quanto mais cedo esse momento em família for criado, melhor. O recomendável é utilizar livros físicos e haver a mediação de um adulto, mas é melhor ler um ebook infantil do que nada. Crianças que tiverem esse hábito vão ler, escrever e se expressar com mais facilidade”. Ler para uma criança é uma medida simples que traz uma magnitude de efeitos, não há razão para não fazer. Portanto, abra um livro e mergulhe com seu filho ou neto no vasto mundo da literatura!

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