Parque das Mangabeiras: quando a outra entrada da Serra vai reabrir?
No último dia 12 de novembro, quem frequenta o Parque das Mangabeiras foi premiado com a reabertura da Trilha 8 e do Lago dos Sonhos, fechados havia oito anos. “Primeiro interditamos por causa da febre amarela e depois veio a Covid-19. Com isso, tivemos um déficit de mão de obra para cuidar desses espaços”, justifica Leonardo Luchese, gerente do parque.
Os locais chegaram a ter o acesso liberado, mas a dificuldade de manutenção era grande. “O lago artificial, construído na época da Ferrobel, assoreou ao longo do tempo e dos períodos chuvosos com descida de minério, terra e vegetação”. A solução foi colocar uma retroescavadeira dentro do lago para retirar os sedimentos (mais de 50 caminhões), processo muito lento e cuidadoso. “Recompusemos a área de proteção lateral, que estava desbarrancando, além de fazer reparos vegetativos, retirada de árvores mortas, limpeza das vertentes entupidas, reforma dos banheiros etc. Sem condições de realizar isso periodicamente, interditamos o lugar”. Vale dizer que no Lago dos Sonhos é proibido nadar, embora após a cascata as pessoas possam se banhar: “Existem dois tubos de canos com boa quantidade de água que desce do lago. Ali é mais seguro, pois há uma laje de pedra abaixo do cano”.
Com 3 trilhas funcionando, o Parque das Mangabeiras só tem uma fechada, a 4, da Cascatinha ao Mirante da Mata: “A previsão de reabertura é no primeiro semestre de 2025. Devido à sua extensão, é preciso mais cuidado no manuseio porque houve muitos deslizamentos ao longo do percurso, inclusive com troncos de árvores caídos. A própria via terá de receber reparos. O processo depende de licitação, portanto não é possível confirmar uma data certa”, argumenta.
Leonardo dá o mesmo prazo em relação à reabertura da Portaria Norte, na esquina de Trifana com Av. Bandeirantes, fechada pelo mesmo motivo das trilhas em 2017. “Desde que assumi o cargo, estamos trabalhando para reativar o acesso”. A situação era bem mais complicada que o esperado, com necessidade de instalar banheiros para os funcionários, deslocar o efetivo 24h para o local, entre outras intervenções: “A grade da frente terá de ser trocada, assim como a calçada portuguesa e o piso do trecho até a primeira estrutura, sem contar os reparos na vegetação. Está tudo encaminhado, começaremos a reforma nos próximos meses”.
Outro assunto ainda nebuloso sobre o Parque das Mangabeiras é a licitação para a concessão à iniciativa privada do estacionamento, parque esportivo, edifício de apoio, Ciranda de Brinquedos, Praça das Águas e teatro de arena. Em julho de 2022, três empresas participaram do processo, cujo ganhador foi o Consórcio Mais Participações, que fez proposta de R$ 3,8 milhões, mais do que o dobro do montante apresentado pelos concorrentes, para exploração das áreas por 20 anos.
Todavia, o vencedor não cumpriu o prazo de assinatura do contrato, o que o-brigou a prefeitura a convocar, em maio de 2024, as outras duas empresas para celebrar o vínculo pelo valor do Mais Participações. Sem sucesso, a administração pública tornou sem efeito a licitação e marcou de abrir novos envelopes em 19 de novembro. Questionamos com insistência a prefeitura sobre o que ocorreu nesse dia, mas o único retorno foi que “a empresa remanescente convocada não apresentou proposta para a concorrência”. O que causa desconfiança é o item 5.11.1 da minuta do contrato de licitação: “A área da concessão poderá ser alterada, passando a incorporar […]” entre outras localidades “[…] as portarias do parque, desde que a prefeitura autorize”. Isso não abriria uma brecha para futura cobrança de entrada no Parque das Mangabeiras?