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Santo Antônio e as tramas de amor

Por Marilurdes Nunes

Graduada em jornalismo pela UFMG, prestou concurso público para tradutora juramentada em espanhol, tendo exercido essa profissão por 34 anos. Sempre gostou de escrever e, aposentada, é escritora de livros infantis e infantojuvenis.

Perpétua e Maria Clara já estavam combinadas: em 13 de junho, dia de Santo Antônio, iriam fazer uma visita especial para o santo lá na igreja. Levariam vela e fariam até promessa para arranjar namorado.

As duas eram amigas de infância. Atualmente estavam sozinhas. Maria Clara fora noiva. O noivo, José Eustáquio, faltando apenas uma semana para o casamento, foi embora para Florianópolis com Rita, filha de Dona Auxiliadora.

Rita era bonita e tinha corpo espetacular. Foi chegando e roubando o noivo. Um escândalo! Todo mundo comentou, pois o assunto era fascinante: Maria Clara, vice-diretora da escola, moça séria, religiosa, ficou a ver navios. Não derramou uma lágrima perto de ninguém. Só Perpétua, sua melhor amiga, a viu chorar.

Já Perpétua nunca teve namorado. Não era tímida nem feia. Pelo contrário, muito alegre e simpática. O único problema é que era filha do Coronel Boaventura, o manda mais da cidade, que era muito bravo. Perpétua queria arranjar alguém, mas nenhum flerte progredia. Os rapazes preferiam não se aproximar da moça.

Perpétua e Maria Clara estavam na casa dos trinta. Mesmo assim, com muita fé e esperança, lá se foram as duas para a igreja. Afinal, como não acreditar em milagres? Ou mesmo numa ajudinha do santo?

Ajoelhadas diante do altar, rezavam. Foi quando Maria Clara escutou claramente uma voz:

– Perdoa, perdoa…

Abriu os olhos. Não viu ninguém por perto, a não ser sua amiga Perpétua. Tornou a fechar os olhos e continuou a rezar. Novamente escutou a voz sussurrando:

– Perdoa, perdoa…

Abriu os olhos de novo. Agora estava mesmo sozinha. Saindo da igreja, as duas se depararam com José Eustáquio, que esperava Maria Clara na porta. Ele a segurou pelo braço antes que ela fugisse. A moça tentou resistir, mas ele lhe disse com voz comovida:

– Me perdoa, Maria Clara. Me perdoa… fui louco, eu sei, mas te amo tanto! Como me arrependo de tudo que lhe fiz!

Os olhos marejados mostravam a emoção do rapaz, que completou:

– Voltei, eu errei. Me dá uma segunda chance!

Maria Clara, que continuava apaixonada, acabou perdoando. Disse para todo mundo da cidade que foi o santo que mandou. O casamento aconteceu pouco tempo depois.

E Perpétua? O Coronel Boaventura entrou em contato com um primo distante: médico recém-formado, solteiro, inteligente, mas pobre. Ofereceu-lhe casa boa, consultório montado, a direção do hospital da cidade e, claro, a mão da filha em casamento.

Seu nome? Antônio (teria sido interferência e milagre do santo?)! Não sei. Mas se você estiver solteiro – ou solteira –, não custa experimentar!

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