Sociedade dos Amigos da Serra: como a associação do bairro acabou?
Mesmo sendo uma entidade tradicional na Serra, tendo sido fundada em 13 de fevereiro de 1967, a Sociedade dos Amigos da Serra (SAS) ficou paralisada por vários anos até chegar ao fim. O empresário Marcos Naves, morador do bairro, foi o último a tentar reerguer a instituição. “A minha aproximação com a SAS aconteceu por causa de uma reunião com o comando geral da PM, em fevereiro de 2016, para tratar de problemas no Aglomerado da Serra”.
Ele tentou convidar a SAS para participar do encontro, sem sucesso. “Pouco depois tive contato com um ex-membro, que me sugeriu procurar a última secretária, pois ela havia guardado documentos da entidade. Novamente, porém, não deu certo”. Marcos continuou insistindo e descobriu que a sede da instituição era na 127ª Cia. da PM à Rua Trifana, 839, esquina com Av. Bandeirantes. “Eu fui até o local, e os policiais me informaram que havia alguém da SAS às terças-feiras de tarde. Quando compareci, notei que não era um membro, mas um funcionário do gabinete de um vereador que fazia despachos com a população. Não existia mais uma associação em prol do bairro”.
A partir daí, o empresário reuniu esforços para encontrar a antiga diretoria. “Vi que não havia ninguém no comando nem novas eleições, além de o CNPJ estar com muitas pendências”. Junto de outras 9 pessoas, Marcos pretendia formar uma nova diretoria e resgatar a entidade, mas o grupo não chegou a tomar posse: “Não pudemos instituir um novo pleito pela falta de documentos. Tentamos durante um ano reaver a última ata, o que seria um novo começo para a entidade, mas não a encontramos”.
Em 21 de setembro de 2018, outro baque: “Recebi um documento assinado pelo Major Ricardo Rabelo, da 127ª Cia. da PM, que pedia a cessão da sala onde era a sede para a corporação”. A justificativa era que a lei impedia a presença de atividade civil dentro do perímetro militar, já que havia armamentos no local. Também faltava espaço nos alojamentos dos policiais. “Informei ao Major que eu não tinha autoridade para ceder a sala, pois não era presidente legalmente eleito”. Além disso, o processo de comodato com a prefeitura, que permitiu o uso, já estava encerrado e não fora renovado, deixando irregular a situação. “Marcamos uma reunião, e a maioria percebeu que não seria possível continuar ali. Então, o imóvel acabou destinado a PM, responsável pelo inventário dos móveis e documentos”. Teresinha Marta Gonçalves, ex-presidente da SAS (2000-04), lamenta a falta de informações sobre os papéis da entidade, como livros de ata: “É a história do bairro. Na época chegaram a me falar que tudo estava no Parque das Mangabeiras. Fui até lá, mas não souberam esclarecer”.
A perda da sede desanimou o grupo, pois ainda havia muito trabalho a ser feito e dívidas a pagar. “Ninguém quis assumir a associação por causa do imbróglio jurídico e financeiro. Sequer conseguimos acesso às contas, pois apenas o presidente eleito poderia fazê-lo”, explica Marcos. O PLANETA SERRA recebeu uma antiga edição do jornal da SAS, de maio de 2014, em que Nilcélia Carvalhaes era a presidente. Tentamos contato com ela, sem sucesso, mas o espaço continua aberto.
O empresário entende que o melhor caminho é criar uma nova associação: “A SAS fez parte da história da Serra, mas seria muito difícil reerguê-la. Precisamos de moradores dispostos a trabalhar pela comunidade. Quanto mais pessoas participarem, a nossa representatividade será maior perante as autoridades a fim de cobrar soluções para o bairro”. Se você tem interesse, envie uma mensagem para (31) 98761-7569.