Você se lembra do antigo posto Santa Clara?
Quem utiliza a Rua do Ouro para adentrar a Serra certamente passa em frente ao número 340, na esquina com Rua Cícero Ferreira. Onde hoje é um estacionamento já foi um posto de gasolina movimentado, propriedade dos irmãos Fortini. Rogério, filho de Odilon e sobrinho de Odemar, conta que o pai começou no ramo de postos de gasolina em 1947, “como funcionário de um estabelecimento na Avenida Brasil, em Santa Efigênia, onde até hoje existe um posto”. Dez anos depois, ele assumiu o Posto Santa Clara, que tinha esse nome “porque os antigos donos eram também proprietários do Hospital Santa Clara, onde atualmente está o Lifecenter”.
Rogério conta que começou a trabalhar com o pai aos dez anos: “Ainda em Santa Efigênia, meu serviço era varrer a areia da carroceria de madeira dos caminhões, para que ela não entupisse o esgoto na hora da lavagem dos veículos. Também calibrava pneus”. A primeira gorjeta que Rogério ganhou foi de um amigo dele até hoje: “Foi a maior nota que existia na época, não me lembro da moeda”.
Com o passar dos anos, Rogério incorporou uma rotina pesada: “Acordava às 5h30 e chegava antes das 6h para manobrar os carros dos fregueses que ficavam estacionados durante a noite. Às 6h já recebíamos os primeiros clientes, pois era lei ter as bombas de combustível funcionando naquele horário”. O filho de Odilon almoçava rápido e voltava ao posto para só sair por volta de 22h: “Isso de segunda a sábado. No domingo era mais tranquilo, ficava até umas 19h30. Ainda trabalhava nos feriados”, explica.
Rogério afirma que no posto só não foi lavador: “Já fiz de tudo, pois de vez em quando faltava um funcionário. Falo isso de boca cheia porque deve ter dono de posto que não sabe nem abrir tanque de combustível”.
As mudanças no posto
Rogério presenciou diversas melhorias ao longo das décadas: “Trabalhei muito sob sol e chuva, pois antigamente o posto não tinha cobertura. Depois passou a haver apenas para as bombas, só mais tarde que o posto ganhou cobertura completa”.
O Posto Santa Clara teve três bombas individuais de gasolina, depois passou a comercializar também o álcool. “Vendíamos muito óleo lubrificante, pois o manual dos carros antigos orientava rodar míseros 1.500 km antes de trocar”, explica Rogério. Por isso o pai do comerciante construiu um galpão na Rua Dona Cecília, nos fundos do lote do tio, para estocar o material: “Íamos três vezes por semana com uma caminhonete para pegar óleo lubrificante”.
Rogério explica que o posto oferecia vários produtos e serviços: “Além do abastecimento, troca de óleo, lavagem, lubrificação, troca de extintor de incêndio, borracharia, polimento, pintura, venda de vários acessórios, pneus, baterias e gelo”. Hoje, porém, funciona no local apenas a lavagem de automóveis na parte de baixo e, em cima, um estacionamento. “Paramos com o posto porque o governo exigiu a troca dos tanques subterrâneos de combustíveis que tinham mais de cinco anos”, recorda-se. Segundo Rogério, os tanques novos deveriam ser revestidos com plástico de poliuretano, além da construção de câmara de visitação: “O valor da obra seria absurdo, por isso foi mais inteligente encerrar as atividades, o que ocorreu entre 2003 e 2008. Tínhamos quatro tanques de 15 mil litros cada”.
Morei no bairro Serra por 63 anos e como meu pai (com o Dauphine 1961 dele), utilizei vários serviços do Posto Santa Clara. Abastecimento, calibragem dos pneus, troca de óleo, lavação geral do carro (um Corcel 1977), enfim desde que iniciei dirigir em 1975 até após o posto só funcionar para lavação do carro, utilizei muito os serviços desse posto. E até fui colega do Fortini (não sei se é o Rogério da reportagem) no Colégio Dom Silvério. Este posto (da Esso) era icônico na Rua do Ouro onde até o início da década de 70, era rua de mão dupla e se via o posto tanto descendo para a Av. Contorno, quanto subindo, voltando pro bairro Serra. Conheci os Srs. Odilon e Odemar sempre muito gentis e atenciosos. Bons tempos em que a cortesia e o bom atendimento eram prioridade.